quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fernando Teixeira completa 50 anos de palco

Teixeira é hoje um dos atores mais respeitados da Paraíba e comanda com sua esposa o grupo de teatro Bigorna.



O retrospecto dos 70 anos de vida e 50 anos de palco de Fernando Teixeira revela a história de um ator encarcerado. “Sempre elogiaram o meu ator, mas eu nunca acreditei nele”, confessa em meio às comemorações dos marcos de sua trajetória pessoal e artística. O que ninguém sabe é que, quando essa história estava apenas começando, o jovem que ainda ensaiava sua estreia teatral esteve, literalmente, atrás das grades.

Eram fins da década de 1950 e Teixeira acabava de ser convocado para o Exército. “Quando eu me alistei na Junta Militar, um sujeito enfardado apareceu e perguntou se havia voluntários para a Marinha. Eu cutuquei o colega ao lado e cochichei: 'Eu não vou porque sou de família'. O sujeito pediu que eu desse um passo à frente e ordenou: 'Você será o primeiro'", conta o ator, diretor e dramaturgo.

No comando marítimo, em Natal (RN), o futuro artista se revelou um recruta insubordinado. “Chegava o fim de semana e me avisavam de João Pessoa que tinha festa no Clube Astreia. Eu demorava a voltar e, quando me apresentava, já tinha uma cela esperando por mim. Aquilo era um horror”, lembra Teixeira, que quase foi expulso da corporação por sua boemia.

Foi na liberdade das coxias que ele encontrou seu verdadeiro caminho: tendo sua 'avant-première' no teatro, no elenco do infantil Joãozinho Anda pra Trás, Fernando Teixeira viaja para São Paulo e, por três anos, entra em contato com a estética revolucionária do Teatro Oficina. “Você imagine o cabra sair de Conceição do Piancó, chegar em São Paulo e se deparar com o Oficina. O bonde tocava e eu não sabia a direção”, recorda Teixeira, que voltou à Paraíba e, em 1968, fundou o Grupo Bigorna.

Desde 2009, ele e o Bigorna têm viajado por mais de 60 cidades paraibanas, fazendo um mapeamento do movimento teatral do Estado e apresentando Esparrela, monólogo que inicia sua última temporada em João Pessoa amanhã, às 20h, no Teatro Santa Roza.

Em Esparrela, Teixeira tem a oportunidade de dirigir e encenar um texto de sua própria autoria: "Minha infância foi muito braba, então sempre quis ser diretor porque diretor era quem mandava, ator só recebia ordens", brinca quem também já teve passagens pelo cinema, em longas-metragens como Baixio das Bestas (2007). "Foi o cinema que me fez confiar no meu ator", diz Fernando.

Por Tiago Germano - Jornal da Paraíba

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